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Die Freiheit

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Nos primeiros meses de Alemanha estranhei, entre outras coisas já citadas aqui, um fato muito inusitado, talvez, para você que está lendo este post: nenhum homem reparava em mim na rua. Isso mesmo. NENHUM homem ficava olhando, secando, dizendo besteiras, me assediando de qualquer maneira que fosse. Não só na rua, mas em qualquer lugar que eu fosse. Minha primeira sensação: não sou mais mulher, virei um poste! Por incrível que pareça, de tão entranhado que estava o assédio vivido em pelo menos 14 dos meus quase 24 anos na época, fiquei com a pulga atrás da orelha mesmo …

Me questionei, comentei com amigos brasileiros e amigas brasileiras, e, pouco a pouco, fui aprendendo a sentir a liberdade de ser uma mulher que podia ir e vir a qualquer hora do dia e da noite sem ser importunada, que podia se vestir do jeito que quisesse, enfim, ser eu mesma, me “exercer” livremente sem ser nunca julgada!

Essa  foi uma das  descobertas que mais me  marcou na minha vida lá, e uma  das que mais sinto falta aqui, infelizmente …

corrente quebrada

Auf der Straße

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São tantos os estranhamentos quando se vive num outro país, numa outra cultura … às vezes eles duram bastante, às vezes a gente se acostuma rapidinho com eles … mas também há os estranhamentos, muitos, que se transformam em “encantamentos”, após um período de reflexão sobre aquela coisa/aquele comportamento tão diferente do nosso! Isso é muito bacana …

Um desses estranhamentos eu vivi simplesmente caminhando pelas ruas de Tübingen. Fui notando, dia após dia, que nenhum homem olhava pra mim nas ruas. Não olhava, não comentava … que coisa mais estranha! Eu estava (infelizmente) acostumada com a abordagem masculina quando andava pelas ruas da minha cidade, desde criança … e como isso era, no mínimo,  desagradável! Quem é mulher, sabe do que estou falando. Causava insegurança, medo, raiva, desconforto, só sentimentos ruins.

Esse foi um exemplo de estranhamento, digamos, positivo. Ninguém, durante os 6 anos que vivi lá, me abordou de maneira desrespeitosa nas ruas. Nenhum homem me olhou  de forma constrangedora, nenhum assobiou ou fez algum comentário. Isso é uma das coisas que mais me encantou lá. Caminhar sossegada pelas ruas, à hora que eu quisesse (até de madrugada), sem ser incomodada por ninguém. Não tem preço!

fussgänger in tübingen