Superada a cirurgia, e com muita vontade e coragem pra sair de casa, eis que resolvo dar um passeio de muletas pela cidade. Ah, que maravilha sair do meu quarto! Dia geladinho, mas lindo. Fomos minha irmã (que estava passando uns meses na Alemanha) e eu passear pelas ruas de Tübingen. Com muita paciência da parte dela, pois eu andava beeeem devagar com as muletas, fomos do Marktplatz, onde eu morava, até a Neckarbrücke, um dos lugares mais bonitos da cidade, cartão postal mesmo. Não era longe, mas descida (portanto, uma subida me esperava na volta, certo?).
Chegamos na ponte e eu me recostei na grade para descansar um pouco. Apoiei as muletas na grade também, sem pensar no tamanho dos vãos. Então, adivinhem o que aconteceu? Uma das delas escorregou pelo vão da grade e caiu no Neckar!
Desespero – perigo – silêncio – insegurança – dúvida – medo … gente, e agora? Eu olhava para a muleta no rio, indo embora com a correnteza, e eu ali, sem poder fazer nada … ai mein Gott, que vontade de pular lá, empurrar a muleta pra beira do rio! E agora?
Entre o choque e o desespero resolvemos ligar para os bombeiros. Mas em primeiro lugar, era preciso chegar a uma “Telefonzelle” (naquela época não existia celular!) numa perna só, com uma só muleta, apoiada na minha irmã. Acho que nunca mais consegui andar daquele jeito tão rápido.
Achada a cabine, liguei e expliquei a situação (que a pessoa do outro lado do aparelho parecia achar surreal – e até era mesmo haha), ao que me deram um “Tut uns leid, aber wir können Ihnen leider nicht helfen” e desliguei. Fiquei desolada.
Panik: e se eu tivesse que pagar pela muleta? Oh nein, agora sim eu estaria perdida!
PS: Foi exatamente no lugar da foto que minha muleta “se jogou” no Neckar!