Já internada, devidamente instalada no meu quarto (até aquele momento, sozinha nele), fui “interrogada” por um profissional do hospital. Me lembro até hoje da situação: o enfermeiro (ou teria sido o anestesista?) chegou com uma prancheta, caneta e muitos formulários na mão. Foi muito gentil para tentar me explicar o que ele precisava saber antes da cirurgia; viu que eu estava muito insegura, não dominava a língua, e teve muita paciência comigo.
Porém, nem todo o esforço do mundo, tanto da parte dele quanto da minha, tornaram possível que eu entendesse as perguntas que ele me fazia. Todas com palavras complicadíssimas, relativas à medicina, remédios, procedimentos cirúrgicos, históricos meus de saúde, tipos de intervenções, gente, sei lá do que mais ele estava falando … só sei que eu só conseguia responder uma ou outra pergunta (de várias páginas de questionários). Na maioria das vezes respondia as perguntas com um sorriso quase que pedindo desculpas por não entender o que ele estava dizendo. Realmente até aquele momento, uns 10 meses após a minha chegada na Alemanha, era impossível dominar aquele tipo de vocabulário, ainda mais nunca tendo passado por aquele contexto (nem no Brasil).
Após o término do “interrogatório”, ele se foi, e eu continuei lá, deitada, agora mais preocupada ainda, sem saber a real importância de todas aquelas perguntas para o sucesso da cirurgia, preocupada com as respostas que eu dei (será que eu tinha realmente entendido direito algumas das perguntas?). Ah, que medo!